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Anderson Silva
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A morte do Presidente do Irã e seus laços com a América Latina

Atualizado em: 22 maio, 2024 às 01:34

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Confirmada a Morte do Presidente do Irã, Ebrahim Raisi, em Acidente de Helicóptero

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, faleceu aos 63 anos após um acidente de helicóptero em uma região montanhosa no noroeste do país, confirmado nesta segunda-feira (20). Nascido em Mashhad em dezembro de 1960, Raisi era conhecido por sua ligação familiar com a linhagem do profeta Maomé e começou sua educação religiosa aos 15 anos em Qom, onde se tornou um aiatolá.


O presidente do Irã, Ebrahim Raisi – Foto: Angela Weiss / AFP

Aos 25 anos, Raisi foi nomeado procurador-adjunto de Teerã, desempenhando um papel significativo nos tribunais secretos de 1988, conhecidos como “Comitê da Morte“, onde foram autorizadas execuções em massa. Sua participação nesses eventos cruéis lhe rendeu o apelido de “o carniceiro de Teerã“. Durante esse período, milhares de prisioneiros políticos, já encarcerados, foram novamente julgados pelo regime. A maioria desses prisioneiros pertencia à oposição, liderada pelo grupo Mujahedin-e Khalq (MEK) ou Organização Popular Mujahedin do Irã (PMOI).

Raisi também foi nomeado chefe do Judiciário em 2019, onde implementou reformas e manteve o Irã como um dos países com maior número de execuções no mundo. Sua posição permitiu aumentar a repressão contra dissidentes e a perseguição de estrangeiros sob acusações de espionagem.

Raisi ascendeu à presidência em 2021 após vencer uma eleição amplamente considerada como manipulada, controlada pelo líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, que desqualificou outros candidatos para assegurar a vitória de Raisi. Ele recebeu cerca de 60% dos votos válidos, na eleição com a menor participação da história da República Islâmica, com uma taxa de comparecimento pouco abaixo de 49%.

Em 2022, Raisi enfrentou violentos protestos após a morte de Mahsa Amini sob custódia policial. Amini, nascida em 21 de setembro de 1999, foi presa em setembro de 2022 pela Polícia da Moralidade, que é afiliada ao Comando de Aplicação da Lei da República Islâmica do Irã e supervisiona a implementação das regras de uso do véu em público, alegando que seu véu não cumpria os padrões governamentais. No depoimento da delegacia, foi dito que a mulher sofreu uma parada cardíaca repentina na delegacia, caiu no chão e morreu após ficar em coma por dois dias.

Após a morte de Amini, violentos protestos se iniciam e o governo de Raisi tenta conter a multidão de manifestantes. A repressão resultou na morte de mais de 500 pessoas e na detenção de 22 mil.

Sob sua liderança, o Irã também avançou no enriquecimento de urânio e limitou inspeções internacionais, elevando as tensões nucleares.

Na América Latina, Raisi mantinha relações próximas com líderes como Daniel Ortega da Nicarágua, Nicolás Maduro da Venezuela, Miguel Díaz-Canel de Cuba e Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil.

O presidente do Brasil, eleito através das urnas eletrônicas em vigor no dia 30 de outubro de 2022, Lula expressou suas condolências ao povo iraniano, destacando o impacto da perda. O Itamaraty também se manifestou sobre a morte do presidente do Irã e declarou que o governo brasileiro recebeu a notícia com “profunda consternação

Em suas redes sociais o presidente do Brasil publicou:

“Com pesar soube da confirmação da morte do presidente iraniano Ebrahim Raisi e do seu chanceler, Hossein Amir Abdollahian e de todos os passageiros e tripulação, após a queda de seu helicóptero. Minhas condolências aos familiares de todas as vítimas, ao governo e ao povo iraniano”

O governo cubano decretou luto oficial nesta terça-feira pela morte de Raisi, também em suas redes sociais a presidência cubana publicou:

“Com profundo pesar, o nosso povo tomou conhecimento da morte do Presidente da irmã República Islâmica de Irã , Sua Excelência o Dr. Seyyed Ebrahim Raisi.”

Roberto Freire, constituinte de 1988, parlamentar por 44 anos e ex-presidente nacional do Cidadania publicou em suas redes sociais:

“Uma cena bem típica dos céus da ditadura iraniana que até ontem tinha como presidente o aiatolá Ebrahim Raisi cuja alcunha — talvez por esses guindastes era “Açougueiro de Teerã”. E pasmem, teve um presidente de uma Republica democrática que enviou uma nota ao regime ditatorial iraniano se dizendo profundamente consternado”

Céus de Teerã segundo divulgação de Roberto Freire – fonte: Twitter – 20 de maio de 2024

Recentemente, o governo de Raisi apoiou abertamente os ataques do Hamas contra Israel e lançou um ataque com drones e mísseis contra o Israel em abril, em resposta a um bombardeio ao consulado iraniano em Damasco.

Antes de sua morte no sábado (18), o Irã executou duas mulheres e cinco homens. De acordo com a ONG Iran Human Rights, somente em 2024, o país já executou 224 pessoas por motivações políticas.

Ebrahim Raisi deixa um legado controverso, marcado tanto por suas contribuições à política interna e externa do Irã quanto por seu histórico de repressão e violações dos direitos humanos.

Opinião:

O que chama atenção para nós brasileiros é a estreita relação de Ebrahim Raisi com a América Latina. As três conhecidas ditaduras da região — Nicarágua, Venezuela e Cuba — apoiavam Raisi, causando espanto pela similaridade na condução de suas políticas nacionais.

Deixo duas perguntas para reflexão: O que nos difere dessas nações — Irã, Nicarágua, Venezuela e Cuba? Será que nosso sistema político é capaz de impedir que o Brasil se torne uma ditadura, ou que aqui ocorram assassinatos de dissidentes políticos?


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