A gestão de Nunes gastou R$ 136 Milhões em publicidade. Marçal acusou uso de verba pública; Flow negou ligação com empresa que recebeu R$ 474 mil.
A gestão de Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo gastou mais de R$ 136 milhões em publicidade no primeiro semestre de 2024, incluindo pagamentos à Globo (R$ 19,5 milhões) e à Flow Mídia e Publicidade Ltda (R$ 474 mil). O candidato Pablo Marçal (PRTB) acusou Nunes de usar verba pública para influenciar debates, após ter sido expulso de um evento mediado por Carlos Tramontina. O grupo Flow negou as acusações, esclarecendo que não recebeu verbas públicas e que os valores foram pagos a uma empresa homônima sem ligação ao canal.
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Em meio a uma crescente pressão pública por investimentos em saúde, educação e infraestrutura, a Prefeitura de São Paulo, sob a administração de Ricardo Nunes (MDB), alocou mais de R$ 136 milhões em publicidade institucional durante o primeiro semestre de 2024. Informações foram obtidas através do site Dados Abertos da própria prefeitura.
Publicidade questionável
Uma análise detalhada dos relatórios de gastos públicos, obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, aponta que uma parte significativa desse montante foi direcionada a grandes conglomerados de mídia. O grupo Globo foi o maior beneficiário, recebendo mais de R$ 19,5 milhões por campanhas que variaram desde a promoção turística até inserções de vídeos comerciais de curta duração. A Record e o SBT também figuram entre os principais destinatários, com pagamentos que somam R$ 9,2 milhões e R$ 5,6 milhões, respectivamente.
Esses gastos ocorrem em um contexto de múltiplas crises na capital paulista: filas nos hospitais públicos, enchentes cada vez mais frequentes e o colapso de várias escolas municipais. Em bairros periféricos, onde serviços essenciais estão ausentes, a indignação cresce.
A disparidade de investimentos levanta questões sobre a real finalidade desses contratos publicitários. Teriam essas campanhas o objetivo de promover a gestão atual ou até mesmo preparar terreno para futuras candidaturas? Em resposta, a prefeitura alegou que as campanhas têm como foco “incentivar o turismo, promover campanhas de vacinação e informar a população sobre serviços públicos”. No entanto, críticos apontam para a ausência de critérios objetivos para medir a efetividade dessas campanhas e a concentração de recursos em poucos veículos midiáticos, o que pode indicar uma relação de troca de favores.
Grupo Flow é acusado de receber R$ 474 mil
Outro ponto polêmico é o gasto de mais de R$ 474 mil com a empresa Flow Mídia e Publicidade LTDA, supostamente operadora do popular canal de internet Flow Podcast. Apesar do valor relativamente modesto em comparação com os gigantes da mídia, o gasto chama a atenção pelo possível viés e foco em um público específico, sugerindo uma tentativa de aproximação da prefeitura com uma audiência mais jovem e digitalmente engajada. Possivelmente pensando na reeleição de Ricardo Nunes, o que em tese poderia se enquadrar em desvio de finalidade pública.
O candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), acusou o atual prefeito e também candidato a reeleição à Prefeitura, Ricardo Nunes, de ter feito os pagamentos ao Grupo de Mídia Flow, que organizou um debate em que Marçal acabou sendo expulso por determinação do mediador do debate, Carlos Tramontina. Logo após a expulsão Nahuel Medina, assessor de Marçal agrediu com um soco o marqueteiro de Ricardo Nunes, Duda Lima. A violência teria sido motivada pelo marqueteiro de Nunes, que teria tentado pegar o celular de Medina.
“O Portal da Transparência mostra que o prefeito Ricardo Nunes já investiu R$ 648 milhões com tudo que é de mídia e de imprensa. O Flow, por exemplo, recebeu R$ 474 mil. Eu fico me perguntando, o que o Flow tem que receber de R$ 474 mil de dinheiro público? Então aqui fica mais uma promessa nova: vamos cortar o bolsa imprensa ano que vem”, disse Marçal.
Pablo Marçal acusou a equipe do Flow de ter favorecido Ricardo Nunes no debate de segunda-feira (23). Segundo Marçal, houve manipulação nos sorteios e o jornalista Carlos Tramontina usou de “dois pesos e duas medidas” com os candidatos para expulsa-lo.
“Não faz sentido, em um debate, um sorteio sair 3 vezes eu com a Marina [Helena, do Novo]. Isso é improvável na matemática. O Tramontina não interrompeu a fala do Datena [do PSDB]. Ele ficou por 2 minutos me destruindo”, disse Marçal.
O grupo de mídia Flow refutou as acusações feitas pelo candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, sobre o recebimento de verbas públicas e manipulação de um debate. Em resposta, o Flow publicou uma nota nas redes sociais negando todas as acusações. O grupo afirmou que as alegações são infundadas e prejudicam sua reputação. Além disso, o Flow esclareceu que os pagamentos mencionados por Marçal foram feitos a uma empresa chamada “Flow Mídia e Publicidade LTDA”, que não tem qualquer ligação com o Grupo Flow.
Íntegra da nota do Flow sobre as acusações de Marçal
“Repudiamos as declarações feitas pelo candidato Pablo Marçal, que acusam o Grupo Flow de parcialidade, manipulação e recebimento de verbas da Prefeitura de São Paulo. Essas alegações são completamente infundadas e atentam contra a nossa reputação construída com dedicação, transparência e ética. “Reafirmamos que não recebemos nenhuma verba da Prefeitura. Investigamos o assunto e constatamos, no Portal da Transparência da Prefeitura de São Paulo, dois pagamentos em 2023 totalizando o valor de R$474.999,62 para a empresa Flow Mídia e Publicidade LTDA, empresa que não faz e nunca fez parte do Grupo Flow. “Realizamos o debate de maneira independente e inédita, com o objetivo de servir ao interesse público, informando os eleitores da cidade de São Paulo sobre as propostas dos principais candidatos da corrida eleitoral. Reafirmamos que nosso compromisso é com a verdade e o diálogo”.
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