Ministro Alexandre de Moraes é acusado de censurar o cantor gospel Davi Sacer por republicar posts de um protesto em Nova York contra ele.

O perfil “Alexandre Files” no X acusou o ministro Alexandre de Moraes de censurar o cantor gospel Davi Sacer por republicar postagens sobre um protesto em Nova York contra o ministro. A publicação alega que a ordem foi dada sem justificativa e que assessores de Moraes se opuseram à medida, mas foram obrigados a cumpri-la. A censura de Sacer intensifica o debate sobre liberdade de expressão e o combate à desinformação no Brasil. Moraes tem sido alvo de críticas por decisões controversas relacionadas à remoção de perfis e conteúdos nas redes sociais.

Cantor gospel Davi Sacer. | Foto: Reprodução.

Nesta sexta-feira (6), em publicação do perfil “Alexandre Files” no X acusou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de ordenar a censura do cantor gospel Davi Sacer. Segundo a postagem, a medida teria sido tomada sem justificativa oficial e com prazo de apenas duas horas para que as redes sociais de Sacer fossem bloqueadas. O motivo? O cantor teria republicado postagens relacionadas a um protesto contra o ministro ocorrido em Nova York, em novembro de 2022.

A publicação levanta sérias acusações, afirmando que a decisão de Moraes violaria a Constituição brasileira, ao impor censura sem respaldo legal. Segundo o relato, até mesmo assessores de Moraes teriam se oposto à medida, mas foram obrigados a seguir com a ordem por exigência direta do ministro. A postagem ainda menciona reportagens do jornalista Glenn Greenwald e do jornal Folha de S.Paulo como fontes que revelaram os motivos por trás da censura.

Trecho da reportagem:

Outro pedido feito por Airton Vieira ocorreu por volta das 11h. Ele mandou dois prints do Twitter em que o cantor gospel Davi Sacer retuitava postagens para incentivar os manifestantes contra os ministros em Nova York.

“Eduardo, esses aí também, por favor coloque no relatório também. Para fins de bloqueio.”

Tagliaferro faz uma ponderação sobre o alvo. “Dr Airton, não sei sei se é uma boa ir para cima do Davi Sacer, esse cara é o cantor gospel mais famoso é influente, vai revelar católicos e evangélicos, como também outros cantores, não seria melhor esperar um pouco? A bruxa não tem esse bom senso, é totalmente partidária sem pensar nas consequências”, afirma ele.

Como resposta, Airton Vieira informou que o pedido tinha partido de Moraes. “O problema é que foi o Ministro quem passou. Depois recebi pelo Deputado Frota…”. “Paciência. Vamos em frente”, disse o juiz instrutor.

Acesse íntegra da reportagem (clique aqui)

Davi Sacer é um nome consagrado no meio gospel brasileiro, com milhões de seguidores nas redes sociais. Sua suposta censura teria sido motivada pela republicação de conteúdos sobre um protesto que teria ocorrido em Nova York contra o próprio Alexandre de Moraes, figura que, nos últimos anos, tem estado no centro de debates polarizados sobre liberdade de expressão, combate à desinformação e ações judiciais envolvendo políticos e figuras públicas.

A acusação de que a censura foi realizada sem justificativa e em um curto espaço de tempo intensifica o debate sobre a atuação de Moraes. Nos últimos meses, o ministro foi alvo de críticas por decisões controversas relacionadas à censura de perfis em redes sociais e à remoção de conteúdos considerados como desinformação ou ataques à democracia.

Até o momento, não houve pronunciamento oficial por parte de Alexandre de Moraes ou do STF sobre o caso envolvendo Davi Sacer. No entanto, a acusação feita no X já repercute entre internautas, gerando discussões acaloradas sobre o papel do judiciário na regulação de conteúdos nas redes e a liberdade de expressão no Brasil.

A alegação de censura também toca em questões mais amplas sobre o equilíbrio entre a liberdade de expressão e o combate à desinformação, especialmente em um contexto global onde muitos países têm adotado medidas rigorosas para enfrentar o que consideram ameaças à democracia.

Another example of Alexandre de Moraes’ misconduct was his illegal order to censor Davi Sacer, a renowned Brazilian gospel singer.

As usual, Moraes’ order contained no reasons and required the censorship of Sacer’s social media accounts within a mere 2 hours, in violation of the… pic.twitter.com/gAD8hUr2Jp

— Alexandre Files (@AlexandreFiles) September 6, 2024

Ordem judicial publicada pelo perfil “Alexandre Files” no X (clique para ampliar).

A atuação de Alexandre de Moraes no combate à desinformação e em casos de censura já tem histórico. Durante as eleições de 2022 e no período que se seguiu, o ministro foi protagonista de decisões judiciais que resultaram na remoção de perfis e bloqueio de conteúdos em plataformas digitais. Recentemente o magistrado suspendeu a plataforma X em todo território nacional. As decisões são geralmente justificadas pela necessidade de proteger a integridade do processo democrático e evitar a propagação de notícias falsas. Contudo, críticos afirmam que algumas dessas medidas extrapolam os limites legais e configuram censura.

No caso de Davi Sacer, caso as alegações se confirmem, abre-se um novo capítulo no embate entre liberdade de expressão e regulação judicial. O envolvimento de figuras públicas de diferentes segmentos, como o cantor gospel, também reforça a complexidade do debate, que não se limita apenas ao meio político, mas alcança diferentes esferas da sociedade brasileira.