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Anderson Silva
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Foro de São Paulo Sob Pressão: As Implicações das Eleições Venezuelanas

Publicado em: 26/07/2024 às 20:16

Última atualização: 26/07/2024 às 20:16

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Em meio a declarações controversas de Nicolás Maduro sobre as urnas eletrônicas brasileiras, o TSE decide não enviar servidores para observar as eleições na Venezuela. Celso Amorim não vê nenhum problemas nas declarações de Maduro e garante que irá para Venezuela “contribuir para uma eleição correta e limpa”.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil decidiu não enviar servidores para observar as eleições na Venezuela devido a preocupações de segurança e críticas recentes de Nicolás Maduro sobre as urnas eletrônicas brasileiras. Celso Amorim, assessor do presidente Lula, irá à Venezuela, garantindo apoiar uma eleição “correta e limpa”. Pesquisas indicam que Edmundo González Urrutia lidera com 59,68% das intenções de voto contra 14,64% de Maduro. A eleição representa um desafio significativo para a esquerda latino-americana.


 

María Corina Machado, participa de passeio político em Guanare, estado de Portuguesa (Venezuela). Venezuela realizará eleições presidenciais em 28 de julho de 2024. | Foto: EFE / Miguel Gutiérrez.

TSE Recua e Desiste de Enviar Servidores para Acompanhar Eleições na Venezuela

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil anunciou que não enviará servidores para acompanhar as eleições na Venezuela. A medida, que havia sido planejada para garantir a transparência do processo eleitoral venezuelano, foi reconsiderada devido a uma série de fatores.

O convite do governo venezuelano já havia sido rejeitado pelo antigo presidente da corte, o ministro Alexandre de Moraes. No entanto, com a nova presidência da corte, agora sob a ministra Cármen Lúcia, que assumiu em maio deste ano, e a pedidos do governo Lula, a nova presidência havia aceitado o pedido do governo venezuelano, porém, em nota divulgada nesta quarta-feira (24), o TSE decidiu que não mais enviará os dois servidores planejados para acompanhar as eleições do país.

Sob a presidência da ministra Cármem Lúcia, o TSE havia se comprometido a enviar uma equipe de servidores para atuar como observadores nas eleições venezuelanas. A intenção era colaborar com a comunidade internacional na supervisão do pleito, que será realizado neste domingo (28), assegurando que os procedimentos fossem conduzidos de maneira justa e democrática.

Motivos do Recuo

A decisão de recuar foi influenciada por várias razões. Entre elas, destacam-se preocupações com a segurança dos servidores brasileiros em um ambiente político tenso e incerto. Além disso, questões logísticas e diplomáticas também pesaram na decisão. A complexidade das relações internacionais e o cenário político interno da Venezuela, que incluem falas do atual presidente Nicolás Maduro, na semana passada, de que haveria um “banho de sangue” e uma “guerra civil” caso ele não seja reeleito. Os crescentes protestos e o apoio à candidatura do principal concorrente de Maduro, o ex-diplomata Edmundo González Urrutia, que vem arrastando multidões por onde passa, também contribuíram para essa instabilidade.

Nicolás Maduro, discursa em evento de campanha nesta terça-feira (23), em área popular de Caracas (Venezuela). | Foto: EFE / Miguel Gutiérrez.

A última pá de cal foi a recente fala de Nicolás Maduro, criticando as urnas eletrônicas brasileiras. Maduro afirmou que as eleições no Brasil são inauditáveis. Maduro, criticou o sistema eleitoral brasileiro durante um comício no estado de Aragua nesta terça-feira (23), ele afirmou, que os resultados das urnas eletrônicas do Brasil não são auditados. No comício Maduro afirmou que o país conta com o melhor sistema eleitoral do mundo, com 16 auditorias e uma em tempo real. “Em que outra parte do mundo fazem isso? Nos Estados Unidos? O sistema eleitoral é auditável? No Brasil? Não auditam nenhuma ata. Na Colômbia? Não auditam nenhuma ata”, disse Maduro.

Segundo informou o jornal “O Globo”, as declarações irritaram integrantes do Palácio do Planalto e assessores do governo Lula.

Vídeo de Maduro criticando as urnas brasileiras.

Acredita-se que está declaração de Maduro, foi uma resposta a Lula, mesmo sem citar nominalmente o Presidente do Brasil. Em entrevista a agências internacionais, na última segunda-feira (22), onde Luiz Inácio Lula da Silva, eleito através das urnas eletrônicas em vigor no dia 30 de outubro de 2022, disse que ficou assustado com a declaração de Maduro de que a nação poderia enfrentar um “banho de sangue”.

Eu fiquei assustado com a declaração do Maduro dizendo que se ele perder as eleições vai ter um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de voto. O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora“, afirmou Lula.

Nicolás Maduro ainda em seu discurso no comício em Aragua, sugeriu que Lula tomasse “cha-de-camolila”, momentos antes de criticar a lisura das urnas brasileiras.

Eu não disse mentiras. Apenas fiz uma reflexão. Quem se assustou que tome um chá de camomila. […] Na Venezuela vai triunfar a paz, o poder popular, a união cívico-militar-policial perfeita”, disse Maduro.

Repercussões Internas

A desistência de enviar observadores gerou diversas reações no Brasil. Alguns setores políticos e sociais manifestaram apoio à decisão, citando a necessidade de priorizar a segurança dos servidores e a soberania do processo eleitoral venezuelano. Outros, no entanto, criticaram o recuo, argumentando que a presença de observadores internacionais é crucial para garantir a transparência e a legitimidade das eleições na Venezuela.

 

Em nota, divulgada pela assessoria do TSE, o tribunal reiterou que as urnas “são auditáveis e auditadas permanentemente”, “seguras” e frisou que “nunca conseguiu demonstrar qualquer equívoco ou instabilidade em seu funcionamento“.

Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo“, informou a assessoria do tribunal nesta quarta-feira (24).

A Justiça Eleitoral brasileira não admite que, interna ou externamente, por declarações ou atos desrespeitosos à lisura do processo eleitoral brasileiro, se desqualifiquem com mentiras a seriedade e a integridade das eleições e das urnas eletrônicas no Brasil“, acrescentou o tribunal.

O TSE reforçou a total segurança das urnas e relembrou que são auditadas.

São auditáveis e auditadas permanentemente, são seguras, como se mostra historicamente. Nunca se conseguiu demonstrar qualquer equívoco ou instabilidade em seu funcionamento. Na democracia brasileira, o voto do eleitor é livre e garantido democraticamente por um processo transparente, de lisura e excelência comprovada, o que assegura a confiança do brasileiro no sistema adotado“, afirmou o TSE.

 

Celso Amorim, assessor especial de assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, manterá sua viagem para a Venezuela. Amorim estará presente no país para acompanhar as eleições presidenciais que ocorrerão no próximo domingo (28).

A decisão de Amorim de seguir com a viagem foi confirmada por fontes do Planalto, após a jornalista Andréia Sadi divulgar a informação. A viagem foi anunciada no início da semana, mesmo após Maduro questionar a integridade das urnas eletrônicas brasileiras.

Segundo Amorim, as declarações do venezuelano não foram “ofensivas” e são críticas “específicas”.

Em princípio, não desmarquei [a viagem]. Tudo é conversável, as coisas evoluem, mas estou programado para ir. E foi dito explicitamente que eu seria bem-vindo […] [A visita visa] contribuir para uma eleição correta e limpa. Que quem ganhar possa tomar posse tranquilamente”, disse o assessor ao G1.

Segundo o assessor, o objetivo da visita é “contribuir para uma eleição correta e limpa. Que quem ganhar possa tomar posse tranquilamente”.

 

Opinião

Segundo as últimas pesquisas, o candidato mais bem colocado é Edmundo González Urrutia, com 59,68% das intenções de voto, seguido por Nicolás Maduro, com 14,64%. González substituiu María Corina Machado após a polêmica decisão do Supremo Tribunal de Justiça venezuelano que a considerou inelegível por suposto envolvimento em esquema de corrupção com Juan Guaidó, líder de oposição na Venezuela perseguido por Maduro. A campanha de González, impulsionada pelo apoio de Machado, o tornou favorito para o pleito. Nesta semana, muitos venezuelanos residentes no exterior retornaram ao país exclusivamente para votar no domingo.

Edmundo Gonzalez fala a estudantes ao lado de sua esposa Mercedes Lopez e da líder da oposição venezuelana Maria Corina Machado durante comício de campanha na Universidade Central da Venezuela em Caracas, em 14 de julho de 2024. | Foto: AFP / Gabriela Oraa.

Um fato intrigante é que as alegações de Maduro sobre a lisura do sistema eleitoral brasileiro podem levar à prisão no Brasil. Pessoas comuns foram processadas, tiveram suas redes sociais suspensas e enfrentaram sanções do Estado. O Partido Liberal (PL) teve que pagar uma multa de R$ 22 milhões por pedir recontagem dos votos no TSE. Discutir esse tema é praticamente proibido – contradições entre as palavras de Nicolás Maduro, TSE e Celso Amorim, registram três versões antagônicas. Maduro diz que o processo no Brasil não é seguro, o TSE, diz que é seguro, Amorim, diz que não há nada demais.

Ficamos sem direção – ainda mais levando em conta que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi considerado inelegível por se reunir com diplomatas expondo sua opinião de que as urnas eletrônicas brasileiras não eram auditáveis.

 

Acredito que os progressistas do Foro de São Paulo enfrentarão uma dura realidade a partir de domingo (28). Se Maduro vencer, isso poderá indicar manipulação e falhas no sistema eleitoral venezuelano, que usa urnas eletrônicas semelhantes às do Brasil. Se perder, ele poderá enfrentar sérias dificuldades judiciais, já que enfrenta várias acusações de violações dos direitos humanos e tem uma recompensa de US$ 15 milhões por sua captura oferecida pelos EUA.

Caso perca, seu futuro será incerto, e há rumores de que ele já está buscando asilo em algum país amigo do Foro de São Paulo. Portanto, independentemente do resultado, a esquerda latino-americana pode sofrer uma derrota significativa.


 

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