Rally Nacional (RN), bloco político de direita ligado à Marine Le Pen, lidera o primeiro turno das eleições parlamentares francesas com 33.15% dos votos, enquanto a coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NPF) ficou em segundo lugar com 27.99% e a aliança Ensemble do presidente Emmanuel Macron caiu para um triste terceiro lugar com 20,76%, de acordo com os resultados finais publicados pelo Ministério do Interior na segunda-feira.
A apuração final divulgada pelo Ministério do Interior confirmou a vitória do Rally Nacional (RN) de Marine Le Pen no primeiro turno das eleições parlamentares francesas, com 33,15% dos votos. A coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) ficou em segundo lugar com 27,99%, e a aliança Ensemble de Emmanuel Macron em terceiro com 20,76%. A vitória do RN, que avança para o segundo turno no próximo domingo, marca uma mudança significativa na política francesa, com projeções de até 300 assentos parlamentares para o RN e seus aliados. Segundo o jornal Le Monde, nesta segunda-feira (1) mais de 170 terceiros colocados da esquerda e do centro abriram mão da disputa para tentar fortalecer adversários contra o RN.

Uma virada eleitoral surpreendente; a apuração final divulgada pelo Ministério do Interior francês, nesta segunda-feira (1) confirmou a vitória do bloco político de direita de Marine Le Pen nas eleições parlamentares, desafiando as expectativas do atual presidente Francês Emmanuel Macron. Com uma margem significativa, o Rally Nacional (RN) de Marine Le Pen e seus aliados alcançaram uma liderança decisiva.
A apuração final revelou um apoio robusto ao RN, que agora avança para o segundo turno das eleições, agendado para o próximo domingo (7). A confirmação oficial não apenas solidifica a posição de Le Pen como uma força dominante na política francesa, mas também projeta uma mudança significativa na composição do parlamento, com projeções indicando um número substancial de assentos potencialmente nas mãos do RN e seus aliados.
O bloco RN obteve 33,15% dos votos, enquanto a coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) ficou em segundo lugar com 27,99%. A aliança Ensemble, do presidente Emmanuel Macron, caiu para um decepcionante terceiro lugar com 20,76%.
As projeções mostram que, após o segundo turno de votação no próximo domingo, o RN ganharia entre 250 e 300 assentos na câmara baixa de 577 assentos – um aumento impressionante de sua contagem de 88 no parlamento cessante. O NFP foi projetado para garantir entre 125 e 165 assentos, com o Ensemble atrás com entre 70 e 100 assentos.
Um total de 76 candidatos foram eleitos para o parlamento francês no primeiro turno da votação, dos quais 39 representavam o RN e seus aliados, 32 eram do NFP e apenas dois da aliança de Macron, de acordo com os resultados publicados na segunda-feira.
Partido/Aliança | Porcentagem de Votos | Assentos Esperados |
Rally Nacional (RN) | 33% | 250 a 300 |
Nova Frente Popular (NFP) | 28% | 125 a 165 |
Ensemble (aliança centrista de Macron) | 21% | 70 a 100 |
A cidade de Henin Beaumont tornou-se o epicentro das celebrações do RN, onde Marine Le Pen, foi rápida em enfatizar que a votação do próximo domingo será crucial.
“A democracia falou, e o povo francês colocou o Rally Nacional e seus aliados em primeiro lugar – e praticamente apagou o bloco Macronista”, ela disse a uma multidão exultante, acrescentando: “Nada foi ganho – e o segundo turno será decisivo”, disse.
Jordan Bardella, o jovem líder de apenas 28 anos do RN, emergiu como uma figura central na campanha, simbolizando a renovação e o futuro do partido. Sua liderança e a vitória do RN nas urnas representam uma grande aposta na mudança de direção política da França.
“A votação que ocorrerá no próximo domingo é uma das mais decisivas de toda a história da Quinta República”, disse Bardella.
Momento em que Marine Le Pen recebe a notícia da vitória do Rally Nacional (RN) no primeiro turno das eleições parlamentares. A comemoração com seus apoiadores é intensa, com uma grande multidão exibindo a bandeira nacional e celebrando a conquista significativa. Le Pen,… pic.twitter.com/NGblKBhmeO
— ANDERSON SILVA (@auandersonsilva) July 2, 2024
Isolamento
Com um número sem precedentes de assentos indo para um segundo turno triplo, uma semana de negociações políticas se seguirá enquanto partidos de centro e de esquerda avaliam se devem recuar em assentos individuais para impedir que o RN conquiste a maioria.
Quando o RN, anteriormente conhecido como Frente Nacional, teve um forte desempenho no primeiro turno das votações no passado, partidos de esquerda e centristas se uniram para impedi-los de tomar posse, sob o princípio do “cordão sanitário”.
Depois que Jean-Marie Le Pen — pai de Marine Le Pen e líder de décadas da Frente Nacional — derrotou inesperadamente o candidato socialista Lionel Jospin na eleição presidencial de 2002, os socialistas apoiaram o candidato de centro-direita Jacques Chirac, resultando em uma vitória esmagadora no segundo turno.
Para negar a maioria ao RN, o NFP, uma coalizão de esquerda formada no início deste mês, prometeu retirar todos os seus candidatos que ficarem em terceiro lugar no primeiro turno.
“Nossa instrução é clara — nem mais um voto, nem mais uma cadeira para o Rally Nacional”, disse Jean-Luc Melenchon, líder do France Unbowed — o maior partido do NFP — aos apoiadores no domingo.
“Uma longa semana nos espera, cada um tomará sua decisão com consciência. Esta decisão determinará, a longo prazo, o futuro do nosso país e de cada um dos nossos destinos”, acrescentou Melenchon.
Marine Tondelier, líder do Partido Verde — uma parte mais moderada do NFP — fez um apelo pessoal a Macron para que renuncie a certas cadeiras e assim negue a maioria ao RN.
“Contamos com você: desista se ficar em terceiro lugar em uma disputa a três e, se não se classificar para o segundo turno, convoque seus apoiadores para votar em um candidato que apoie os valores republicanos”, disse ela.
Os aliados do conjunto de Macron também pediram aos seus apoiadores que impeçam a “extrema direita” (termo pejorativo que a esquerda tenta colar naqueles em que ela vê como inimiga política), tome posse, mas alertaram contra emprestar seus votos ao incendiário Mélenchon.
Gabriel Attal, protegido de Macron e primeiro-ministro cessante, pediu aos eleitores que impeçam o RN de obter a maioria, mas disse que o partido França Indomável de Mélenchon “está impedindo uma alternativa confiável” a um governo de “extrema direita”.
O ex-primeiro-ministro Eduoard Philippe, outro aliado de Macron, disse: “Nenhum voto deve ser dado aos candidatos do Rally Nacional, mas também aos candidatos da França Insubmissa, com quem divergimos em princípios fundamentais.”
Na votação de domingo, o RN ganhou apoio em lugares que seriam impensáveis até recentemente. No 20º distrito eleitoral do departamento de Nord, um centro industrial, o líder do Partido Comunista, Fabien Roussel, foi derrotado no primeiro turno por um candidato do RN sem experiência política anterior. A cadeira era ocupada pelos comunistas desde 1962.
União da Esquerda Radical
O RN precisa de pelo menos 289 assentos no Parlamento para obter maioria. Pesquisas estimam que o primeiro turno a tenha colocado no caminho para conquistar algo entre 250 e 300 cadeiras.
Segundo contagem do jornal Le Monde, mais de 170 candidatos já desistiram de suas campanhas e anunciaram apoio ao rival de centro ou de esquerda contra a RN. A confirmação de participação no segundo turno de quem pontuou 12,5% ou mais no primeiro turno precisa ser feita até a noite desta terça (2).
A retirada tática pode remodelar as intenções de voto em todo o país e fazer frente à RN, já que cerca de 300 distritos eleitorais, ou seja, mais da metade dos 577, terminaram o primeiro turno com um cenário de três candidatos com votos suficientes para ir ao segundo turno.
Os líderes da frente de esquerda e da aliança centrista de Macron indicaram já na noite de domingo que retirariam seus próprios candidatos em distritos onde outro candidato rival estava mais bem colocado para vencer a RN no segundo turno.
Não está claro ainda se o pacto implica desistências inclusive quando o candidato mais forte for da França Insubmissa, partido liderado por Jean-Luc Mélenchon, figura divisiva da esquerda francesa que tem propostas vistas como radicais.
Macron, no entanto, afirmou a seus ministros nesta segunda que impedir que a RN obtenha uma maioria é a prioridade, de acordo com uma pessoa com conhecimento do teor do encontro, segundo a agência Reuters. Isso, então, implicaria alianças com candidatos da França Insubmissa.
Por muito tempo um pária na França, a RN está agora mais próxima do poder do que nunca. Le Pen buscou consolidar a imagem de seu partido, focando na questão imigratória, que tem gerado preocupações entre os cidadãos nacionalistas franceses. A imigração é uma das principais insatisfações dos eleitores de Macron, que muitas vezes é visto como desconectado das preocupações cotidianas da população.
Macron vai fracassar?
A decisão de Macron de convocar uma eleição antecipada – a primeira da França desde 1997 – pegou o país e até mesmo seus aliados mais próximos de surpresa. A votação de domingo foi realizada três anos antes do necessário e apenas três semanas após o partido Renaissance de Macron ter sido derrotado pelo RN nas eleições do Parlamento Europeu.
Macron prometeu cumprir o restante de seu último mandato presidencial, que vai até 2027, mas agora enfrenta a perspectiva de ter que nomear um primeiro-ministro de um partido da oposição – em um acordo raro conhecido como “coabitação”.
O governo francês enfrenta poucos problemas para aprovar leis quando o presidente e a maioria no parlamento pertencem ao mesmo partido. Quando não pertencem, as coisas podem estagnar. Enquanto o presidente determina a política externa, europeia e de defesa do país, a maioria parlamentar é responsável por aprovar leis domésticas, como pensões e impostos.
Mas essas atribuições podem se sobrepor, potencialmente levando a França a uma crise constitucional. Bardella, por exemplo, descartou o envio de tropas para ajudar a Ucrânia a resistir à invasão da Rússia – uma ideia lançada por Macron – e disse que não permitiria que Kiev usasse equipamento militar francês para atacar alvos dentro da Rússia. Não está claro qual vontade prevaleceria em disputas como essa, onde a linha entre política interna e externa é tênue.
Em uma declaração concisa na noite de domingo, Macron disse que o alto comparecimento mostrou o “desejo dos eleitores franceses de esclarecer a situação política” e pediu que seus apoiadores se manifestassem no segundo turno.
“Diante do Rally Nacional, chegou a hora de um comício amplo, claramente democrático e republicano para o segundo turno”, disse Macron.
ELEIÇÕES LEGISLATIVAS NA FRANÇA 2024
No encerramento do primeiro turno das eleições legislativas francesas, as imagens revelam um cenário marcado por intensos distúrbios: manifestantes destroem lojas, danificam veículos e incendeiam pneus, acompanhados por gritos de “Allahu… pic.twitter.com/h1iOPkWv0w— ANDERSON SILVA (@auandersonsilva) July 1, 2024
Protestos organizados pela esquerda raivosa eclodiram em várias partes do país, refletindo a polarização e as tensões que permeiam o cenário político francês. O “cordão sanitário“, uma estratégia adotada por partidos tradicionais para limitar a influência do RN, parece ter falhado.
A eleição reflete uma tendência mais ampla na Europa e em outras partes do mundo, onde partidos de direita têm ganhado terreno. Essa alternância de poder, após períodos de domínio da esquerda em regiões como Canadá, EUA e Europa, indica um desejo de mudança entre os eleitores, em busca de novas soluções para os desafios contemporâneos. A Itália com Giorgia Meloni, Marine Le Pen na França, o partido AfD na Alemanha, o partido Chega em Portugal, Jair Messias Bolsonaro no Brasil, Daniel Noboa no Equador, Santiago Peña no Paraguai, Luiz Lacalle Pou no Uruguai e Javier Geraldo Milei na Argentina, são alguns dos nomes que tem ganhado destaque com suas políticas que indicam uma visão de direita ou conservadora.
A ascensão do RN e de Marine Le Pen marca uma grande aposta na transformação política da França. Com o segundo turno das eleições à vista, o país se encontra em um momento crítico, com o potencial de redefinir seu futuro político e social.
fontes:
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