O governo Lula tenta minimizar as críticas, defendendo a regulamentação das redes sociais para combater desinformação e discurso de ódio. A proliferação dos memes é vista como uma reação orgânica dos usuários insatisfeitos com a política fiscal do governo.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, tornou-se alvo de memes exibidos na Times Square, destacando-se como “Zé do Taxão” e “Taxa Humana“. Isso reflete a indignação popular com o aumento de impostos no governo Lula. O governo tenta desviar as críticas, afirmando que os impostos visam os mais ricos. Lula, em entrevista, defendeu a necessidade de regulamentação das redes sociais para combater desinformação e discurso de ódio, mencionando o PL 2630/2020. Contudo, a disseminação de memes é vista como uma reação orgânica dos usuários indignados.
Imagem de Haddad caracterizado como “Zé do Taxão”, fazendo referencia a Zé do Caixão, personagem trash brasileiro. A imagem foi exibida na Times Square em Nova York na manhã desta quinta-feira (18). | Foto: Reprodução / Redes Sociais.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a ser alvo de memes na Times Square, em Nova York. Desta vez, uma montagem do ministro caracterizado como “Zé do Taxão” foi exibida em um telão na famosa avenida na manhã desta quinta-feira, 18 de julho. Esta é a segunda vez na semana que montagens com Haddad aparecem nos telões da Times Square.
A exibição do meme ocorreu na manhã de quinta-feira e pode ser conferida na livestream da empresa TSX, que oferece o serviço de divulgação em telões na avenida a partir de US$ 40 por 15 segundos. Na terça-feira, 16 de julho, Haddad já havia aparecido na tela como “Taxa Humana”, um trocadilho com o herói Tocha Humana do Quarteto Fantástico.
Imagem de Haddad caracterizado como “Taxa Humana”, fazendo referência ao Tocha Humana personagem do filme do Quarteto Fantástico. A imagem foi exibida na Times Square em Nova York nesta terça-feira (16). | Foto: Reprodução / Redes Sociais.
O responsável pela brincadeira do meme na Times Square, foi o estudante Hugo Montan, de 19 anos, que pagou US$ 45 (aproximadamente R$ 250) pela exibição de 15 segundos, além de R$ 11,13 de IOF devido à transação internacional.
Cotação dólar PTX +4% de spread: R$5,64
Valor total da inserção: R$254,00 ($45)
IOF: R$11,13 @Haddad_Fernando o seu meme na Times Square gerou receita para a União.
— Hugo Montan (@hugofmontan) July 18, 2024
Nos últimos dias, as redes sociais foram inundadas com memes que associam o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao aumento de impostos. O tom humorístico dos memes destaca a percepção pública sobre a política tributária do governo Lula. Trocadilhos como “Zé do Taxão“, “MadTax“, “Rombocop” e “Taxman” têm se proliferado, tornando Haddad uma figura central de críticas e piadas. Apesar dessa repercussão digital, o governo e o PT demonstram confiança, alegando que a oposição não conseguirá rotular Haddad como um “taxador“.
Esses memes foram impulsionados pelo fim da isenção de impostos para compras internacionais de até US$ 50, conhecida como “taxa das blusinhas”. A proposta foi incluída na lei que criou o Mover, um incentivo à descarbonização de veículos, sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 27 de junho.
Para muitos internautas, Fernando Haddad é o principal responsável pela medida. Alguns apoiadores do governo Lula expressaram preocupação com os memes que utilizam a imagem de Haddad, chegando a insinuar que uma “agência de marketing” foi contratada para espalhar as piadas nas redes.
Reação do Governo
Apesar do sucesso do “ministro Taxadd”, o PT acredita que o novo apelido de Haddad “não vai pegar”. Em um comunicado publicado nesta semana, o secretário de comunicação da sigla, Jilmar Tatto, afirmou que o meme não terá vida longa pois Haddad será conhecido como “aquele que desonerou”. Tatto ainda mencionou que os aumentos de impostos são apenas para os mais ricos. Ele citou a cobrança de IPVA sobre jatos e iates e o “imposto do pecado” sobre produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como cigarros e bebidas alcoólicas.
O ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, insinuou em seu perfil no X que a produção e a repercussão dos memes do “ministro Taxadd” são financiadas pelos “mais ricos”. Messias afirmou que os mais pobres não financiariam a “fábrica de memes” e nem gastariam recursos “atacando quem os defende […] Vamos aprofundar a justiça fiscal com firmeza e correção”, declarou.
Quem financia a indústria de memes? Seriam os mais humildes, contemplados na reforma tributária? Ou seriam os mais ricos, alcançados pela tributação depois de muitos anos de benefícios? Vale a reflexão. Acho que os mais pobres não gastariam seus recursos atacando quem os defende.… https://t.co/9BtKBdNuAm
— Jorge Messias (@jorgemessiasagu) July 17, 2024
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eleito através das urnas eletrônicas em vigor no dia 30 de outubro de 2022, percebeu a exposição negativa de seu governo nas redes sociais. Para Lula, as redes sociais devem ser controladas por mãos habilidosas que comungam com sua ideologia política. Em entrevista à Rádio Passos 94,7 FM, de Minas Gerais, em fevereiro de 2022, Lula afirmou que a internet “é uma coisa extraordinária”, mas que precisa de “limites”.
“A internet que é uma coisa extraordinária para o avanço da Humanidade […] pela internet você não fica ouvindo apenas matérias; você interage com ela […] é uma coisa muito interessante, mas tem que ter o limite porque a maldade tomou conta.”, disse Lula.
Em entrevista ao Jornal da Record nesta quarta-feira (17), Lula foi questionado sobre a relação entre desinformação e as Big Techs. Ele afirmou que as empresas de redes sociais ganham dinheiro disseminando mentiras e discursos de ódio. Lula destacou a necessidade urgente de regulamentação e expressou sua perplexidade sobre o motivo pelo qual o PL 2630/2020, de autoria do senador Alessandro Vieira (CIDADANIA-SE) e relatoria do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), ainda não foi aprovado.
“Não é possível essas empresas continuarem ganhando dinheiro disseminando mentiras e inverdades, fazendo provocação”, disse Lula.
Lula ainda disse que irá se reunir com seu Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, sobre a possível regulamentação das redes sociais.
“Eu vou ter uma reunião com o meu Ministro da Justiça pra gente discutir […] se a gente retoma aquele projeto que estava, se a gente vai apresentar uma outra proposta, se o congresso vai apresentar uma proposta […] a gente não pode perder de vista a necessidade de fazer uma regulação”, completou Lula.
O Real Problema
O verdadeiro problema que o governo Lula não quer enfrentar é que a enxurrada de memes na internet é, em grande parte, orgânica, surgindo quando usuários comuns expressam suas indignações através da sátira. A sátira é uma arma antiga na política. Os memes sobre Haddad trazem, em uma linguagem popular, o debate sobre as contas do governo. O aumento da arrecadação fiscal e dos gastos públicos se soma à indignação popular, que, diante da censura iminente e controle “supremo”, encontra nos memes um refúgio.
O desejo de Lula de controlar o discurso nas redes sociais remonta ao seu passado longínquo, quando bradava aos quatro cantos do mundo alegadas mentiras. Em uma coletiva de imprensa no Instituto Lula, realizada no dia 8 de abril de 2014, ele afirmou que viajava o mundo inventando dados e contando mentiras sobre a real situação brasileira.
“Eu cansei de viajar o mundo falando mal do Brasil gente. Era bonita a gente falar que no brasil tem 30 milhões de crianças de rua […] a gente nem sabia, tem, não sei quantos milhões de abortos […] se o cara perguntava a fonte, a gente não tinha, mas a gente ia citando número”, disse Lula.
Então, o problema das mentiras que circulam na sociedade depende de quem se beneficia dessas mentiras e de quem detém o controle sobre a disseminação das informações.
Fontes:
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