Jesus é Condenado
Não teria nenhuma autoridade sobre mim se de cima não lhe fosse dada!
Bases bíblicas: Mateus 26:47-56; Marcos 14:43-52; Lucas 22:39-53; João 18:1-11.
Placa I.N.R.I. “Rei dos Judeus”. | Foto: Fotomontagem O Jornal da Verdade.
A Sexta-feira da Paixão e Crucificação é um dos momentos mais marcantes na história da humanidade, pois é o dia em que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é condenado injustamente e crucificado. Esse evento é registrado nos Evangelhos como o ponto culminante da missão terrena de Jesus, onde ele voluntariamente se entrega para redimir a humanidade de seus pecados. Nesse dia, Jesus enfrenta uma série de julgamentos injustos perante as autoridades religiosas e políticas judaicas, sendo entregue primeiramente a Pilatos, o governador romano, e posteriormente a Herodes Antipas, o governador da Galileia e Pereia; sem encontrar culpa nele, Herodes zombou de Jesus, vestiu-o com um manto brilhante e o enviou de volta a Pilatos. Pilatos, após lavar simbolicamente as mãos, cede à pressão da multidão e condena Jesus à crucificação. A crucificação de Jesus é um ato de extrema humilhação e sofrimento, onde ele é escarnecido, flagelado e finalmente crucificado entre dois criminosos. Apesar da brutalidade do evento, é importante entender que a crucificação de Jesus não foi apenas uma tragédia, mas um ato de amor e sacrifício supremo, pois é através dela que a humanidade encontra redenção e reconciliação com Deus. Este dia sombrio é o prelúdio para a gloriosa ressurreição de Jesus, que traz esperança e vida eterna para todos aqueles que creem Nele.
“O traidor tinha combinado com eles um sinal. Ele tinha dito: “Prendam e levem bem seguro o homem que eu beijar, pois é ele.”
Logo que chegou perto de Jesus, Judas disse: — Mestre! E o beijou.” Marcos 14:44-45
—
“Jesus ainda estava falando, quando chegou uma multidão. Judas, um dos doze discípulos, que era quem guiava aquela gente, chegou perto de Jesus para beijá-lo. 48Mas Jesus disse: — Judas, é com um beijo que você trai o Filho do Homem?” Lucas 22:47-48
O contexto histórico desses eventos remonta à última noite de Jesus antes de sua crucificação, conhecida como a noite da Última Ceia e da prisão de Jesus no Jardim do Getsêmani. Judas Iscariotes, um dos doze discípulos de Jesus, trai Jesus entregando-o às autoridades religiosas judaicas. Ele fez um acordo com os principais sacerdotes e os escribas para entregar Jesus em troca de trinta moedas de prata (Mateus 26:14-16). Como parte do acordo, Judas concordou em identificar Jesus para os soldados com um beijo, já que Jesus era popular e seria difícil de identificar no meio da multidão. Esse sinal de identificação foi premeditado e acordado entre Judas e as autoridades religiosas. Quando Judas se aproximou de Jesus no Jardim do Getsêmani, ele o saudou com um beijo, cumprindo assim o acordo feito com os líderes religiosos. Marcos 14:44-45 descreve esse momento, enquanto Lucas 22:47-48 oferece uma narrativa semelhante, destacando a resposta de Jesus à traição de Judas, questionando a ação de Judas e identificando-se como o Filho do Homem, uma referência messiânica que aponta para sua identidade divina e papel redentor. Esses versículos mostram o trágico desfecho da traição de Judas e o início do sofrimento e julgamento de Jesus.
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Os eventos descritos nos evangelhos sobre a prisão, julgamento e crucificação de Jesus são frequentemente interpretados à luz de várias profecias do Antigo Testamento que foram cumpridas neles. Algumas dessas profecias incluem:
Isaías 53
Este capítulo descreve o sofrimento do Servo Sofredor, identificado por muitos como uma figura messiânica, que carregaria os pecados do povo. Versículos como Isaías 53:3-7 descrevem vividamente o sofrimento e a morte do Servo, prefigurando os eventos da crucificação de Jesus.
Salmos 22
Este salmo messiânico descreve detalhadamente o sofrimento e a crucificação do Messias, incluindo descrições como “furaram minhas mãos e meus pés” (Salmo 22:16), que têm uma clara ressonância com os eventos da crucificação.
Zacarias 12:10
Este versículo profetiza que o povo de Israel olhará para aquele a quem eles transpassaram, o que é interpretado como uma referência ao arrependimento de Israel por ter rejeitado e crucificado o Messias. Isso é referenciado especificamente em João 19:37.
Essas são apenas algumas das muitas profecias do Antigo Testamento que os cristãos veem como tendo sido cumpridas nos eventos da prisão, julgamento e crucificação de Jesus, conforme descrito nos evangelhos. Essas profecias dão um contexto profundo e significado teológico aos eventos da Paixão de Cristo.
A expressão “A Paixão de Cristo” começou a ser utilizada para se referir aos eventos relacionados à prisão, julgamento, crucificação e morte de Jesus Cristo no final da vida da igreja primitiva. No entanto, o uso específico desse termo variou ao longo da história e em diferentes tradições cristãs.
A palavra “paixão” deriva do latim “passio”, que significa sofrimento ou aflição. Na tradição cristã, a “Paixão de Cristo” é entendida como o sofrimento extremo e a morte sacrificial de Jesus para a redenção da humanidade.
O uso do termo “Paixão de Cristo” em referência aos eventos da Semana Santa parece ter se consolidado ao longo dos séculos, especialmente a partir da Idade Média, quando as narrativas da Paixão foram centralizadas em cerimônias litúrgicas, como os ofícios da Semana Santa e as representações teatrais conhecidas como “Paixões” ou “Mistérios”.
Hoje, o termo “Paixão de Cristo” é comumente usado para descrever os eventos da Semana Santa que levam à crucificação e morte de Jesus, e é amplamente reconhecido dentro das comunidades cristãs em todo o mundo, especialmente na católica apostólica romana.
As Estações da Via Dolorosa, também conhecidas como Via Crucis, são uma série de catorze eventos que, segundo a tradição cristã, representam o caminho de Jesus Cristo carregando a cruz até o local de sua crucificação e sepultamento. Essas estações são uma parte central da devoção popular e das práticas religiosas durante a Semana Santa em muitas tradições cristãs.
A prisão de Jesus no Jardim do Getsêmani é um evento profundamente emocionante e crucial na narrativa bíblica da Paixão de Cristo. Nos Evangelhos, podemos encontrar detalhes vívidos sobre essa experiência angustiante. Em Mateus 26:47-56, Marcos 14:43-52, Lucas 22:47-53 e João 18:1-11, somos transportados para o momento em que Judas Iscariotes, um dos discípulos de Jesus, traiu seu Mestre com um beijo. Esse ato de traição marcou o início dos eventos que levariam à prisão de Jesus.
Após ser traído por Judas, Jesus é levado pelas autoridades judaicas, lideradas pelo sumo sacerdote Caifás, ao Sinédrio, o conselho religioso judaico. Lucas 22:54-71 e Mateus 26:57-68 nos mostram como Jesus foi submetido a um julgamento injusto, onde foi acusado falsamente por testemunhas e insultado pelos guardas.
“Os chefes dos sacerdotes e todo o Conselho Superior estavam procurando alguma acusação falsa contra Jesus a fim de o condenar à morte. Mas não puderam encontrar nada contra ele, embora muitos se levantassem para dizer mentiras a respeito dele. Afinal dois homens se apresentaram e disseram:
— Este homem afirmou: “Eu posso destruir o Templo de Deus e construí-lo de novo em três dias.”
Aí o Grande Sacerdote se levantou e perguntou a Jesus:
— Você não vai se defender desta acusação?
Mas Jesus ficou calado. Então o Grande Sacerdote tornou a perguntar:
— Em nome do Deus vivo, eu exijo que você diga para nós: você é o Messias, o Filho de Deus?” Mateus 26:59-63
Em seguida, Jesus é entregue ao governador romano Pilatos, conforme registrado em Mateus 27:1-2, Marcos 15:1, Lucas 23:1-5 e João 18:28-38. Pilatos, inicialmente relutante em condenar Jesus, não encontrou culpa nele e tentou libertá-lo. No entanto, diante da pressão das multidões instigadas pelos líderes religiosos, Pilatos cedeu e lavou simbolicamente as mãos para se eximir da culpa, como descrito em Mateus 27:24.
A condenação de Jesus à crucificação por Pilatos é o clímax desse ‘trágico’ episódio. Em Mateus 27:27-31, Marcos 15:16-20, Lucas 23:24-25 e João 19:1-16, somos levados ao terrível momento em que Jesus é flagelado, escarnecido e humilhado pelos soldados romanos. Ele é coroado com uma coroa de espinhos e obrigado a carregar sua própria cruz até o local da crucificação.
“Então Pilatos disse:
— Você não quer falar comigo? Lembre que eu tenho autoridade tanto para soltá-lo como para mandar crucificá-lo.
Jesus respondeu:
— O senhor só tem autoridade sobre mim porque ela lhe foi dada por Deus. Por isso aquele que me entregou ao senhor é culpado de um pecado maior.
Depois disso Pilatos quis soltar Jesus. Mas a multidão gritou:
— Se o senhor soltar esse homem, não é amigo do Imperador! Pois quem diz que é rei é inimigo do Imperador!
Quando Pilatos ouviu isso, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado “Calçada de Pedra”. (Em hebraico o nome desse lugar é “Gabatá”.) Era quase meio-dia da véspera da Páscoa. Pilatos disse para a multidão:
— Aqui está o rei de vocês!
Mas eles gritaram:
— Mata! Mata! Crucifica!
Então Pilatos perguntou:
— Querem que eu crucifique o rei de vocês?
Mas os chefes dos sacerdotes responderam:
— O nosso único rei é o Imperador!
Então Pilatos entregou Jesus aos soldados para ser crucificado, e eles o levaram.” João 19:10-16
Podemos observar uma dinâmica de poder e autoridade entre Pilatos, o governador romano, e Jesus. Pilatos, como representante do Império Romano, expressa sua autoridade sobre Jesus, declarando que tem o poder tanto para soltá-lo quanto para crucificá-lo. No entanto, Jesus responde que a autoridade de Pilatos é concedida por Deus, sugerindo que sua própria submissão à vontade divina está acima da autoridade terrena de Pilatos. Isso reflete a compreensão cristã da soberania divina e da submissão de Jesus à vontade de Deus, mesmo diante das autoridades humanas.
A resposta de Jesus destaca sua consciência da vontade divina por trás dos eventos que estavam ocorrendo. Ele reconhece que aquele que o entregou a Pilatos é culpado de um pecado maior, implicando que o plano divino está em ação, e que o traidor de Jesus é responsável por um ato de traição contra Deus.
Por outro lado, a multidão, instigada pelos líderes religiosos, rejeita a afirmação de Jesus como rei e exige sua crucificação, apelando para a lealdade ao imperador romano. Essa passagem ilustra a pressão política e religiosa sobre Pilatos, que, apesar de sua relutância inicial em condenar Jesus, cede às demandas da multidão para manter a ordem pública.
Ao entregar Jesus aos soldados para ser crucificado, Pilatos mostra sua fraqueza diante das pressões políticas e sua falta de coragem para defender a justiça e a verdade. Essa interação entre os líderes religiosos, Pilatos, Jesus e a multidão reflete temas de autoridade, submissão divina e manipulação política que permeiam a narrativa da Paixão de Cristo.
“Aí Pilatos mandou chicotear Jesus. Depois os soldados fizeram uma coroa de ramos cheios de espinhos, e a puseram na cabeça dele, e o vestiram com uma capa vermelha. Chegavam perto dele e diziam:
— Viva o rei dos judeus!
E davam bofetadas nele.” João 19:1-3
Esses relatos detalhados dos Evangelhos nos fornecem uma visão profunda e comovente da prisão e condenação de Jesus, destacando a injustiça, a dor e o sofrimento que Ele suportou por amor à humanidade. Esses eventos são fundamentais para a compreensão da fé cristã, pois representam o sacrifício redentor de Jesus e sua vitória sobre o pecado e a morte.
Não há um consenso absoluto sobre a hora exata em que Jesus foi condenado, pois os relatos bíblicos fornecem apenas uma noção aproximada do momento em que esses eventos ocorreram. No entanto, considerando os relatos dos evangelhos, a condenação de Jesus por Pilatos parece ter ocorrido pela manhã, possivelmente entre as 6 e 9 horas da manhã, de acordo com o horário romano da época. Isso se baseia no fato de que Pilatos teria apresentado Jesus à multidão por volta do meio-dia, antes de ser crucificado, e que a crucificação ocorreu durante o período da tarde. No entanto, essas são estimativas aproximadas, e a precisão exata da hora da condenação de Jesus permanece incerta.
Assim como Jesus reconheceu que a autoridade de Pilatos vinha de Deus, devemos reconhecer que toda autoridade legítima vem de Deus e que devemos nos submeter a ela, desde que não entre em conflito com os princípios e valores do Reino de Deus. Isso significa que devemos obedecer às leis e autoridades constituídas, mas também discernir quando essas autoridades estão agindo contrariamente aos princípios da justiça e da verdade, como no caso de Pilatos cedendo à pressão da multidão para crucificar Jesus.
A brutalidade destes eventos nos chamam à reflexão sobre a realidade do sofrimento humano no mundo de hoje e nos desafia a agir em compaixão e solidariedade com aqueles que estão sofrendo. Podemos aplicar essas lições em nossas vidas diárias, buscando ser instrumentos de amor, misericórdia e justiça em um mundo que muitas vezes é marcado pela dor e pelo sofrimento.
A condenação de Jesus como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo tem profundo significado para nossa vida hoje. Essa condenação representa o sacrifício supremo de amor de Jesus em nosso favor, oferecendo-se como substituto para pagar o preço pelos nossos pecados. Essa aplicação para nossa vida se desdobra em algumas dimensões essenciais:
Perdão e Redenção
A condenação de Jesus nos lembra do perdão disponível para nós através do seu sacrifício na cruz. Ele levou sobre si nossos pecados para que pudéssemos ser reconciliados com Deus e experimentar o perdão total e completo. Isso nos desafia a aceitar esse presente gracioso, arrepender-nos dos nossos pecados e viver em comunhão com Deus.
O Amor e a Gratidão
O Amor do Pai emanam na condenação de Jesus como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Nesse sacrifício supremo, testemunhamos o amor incomparável de Deus por nós, revelado na disposição de Jesus em suportar todo sofrimento e humilhação em nosso lugar. O ápice desse sofrimento foi a aplicação da justiça divina sobre Jesus, em favor de nós, homens e mulheres necessitados de salvação. Por meio desse sacrifício, Deus busca nossa adoração genuína e uma comunhão autêntica com Seu povo escolhido. No entanto, o pecado que nos separava Dele foi redimido por Jesus, que assumiu sobre Si toda condenação que deveria recair sobre nós. Essa realidade nos convoca a responder com gratidão e amor ao plano salvífico de Deus, que Ele meticulosamente elaborou para nossa reconciliação.
Transformação e Santificação
Além disso, a condenação de Jesus nos desafia a viver vidas transformadas pelo poder do Seu sacrifício. Ele não apenas nos perdoa, mas também nos convoca a viver de acordo com a Sua vontade, capacitando-nos pelo Espírito Santo. Isso implica em uma jornada de crescimento espiritual e santificação, onde buscamos cada vez mais nos parecer com Cristo em nossas atitudes, pensamentos e ações.
Testemunho e Missão
Por fim, a condenação de Jesus nos comissiona como testemunhas do Seu sacrifício e mensageiros do Evangelho. Devemos compartilhar a boa notícia da salvação em Jesus Cristo com o mundo ao nosso redor, proclamando a verdade libertadora do Evangelho e convidando outros a experimentarem o perdão e a nova vida que Ele oferece.
Em resumo, a condenação de Jesus como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo é central para a nossa fé e vital para nossa vida diária. Ela nos chama ao perdão, amor, transformação e missão, capacitando-nos a viver como discípulos de Cristo e testemunhas do Seu amor redentor.
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