PF prende assessor parlamentar por desinformação na “Abin paralela”. Esquema espionava autoridades e jornalistas. Investigações continuam.
A Polícia Federal prendeu Daniel Ribeiro Lemos, assessor do deputado Pedro Souza Junior (PL-TO), suspeito de envolvimento na “Abin paralela”. Lemos é acusado de disseminar desinformação e enviar material falso a agentes estrangeiros. A operação investiga espionagem ilegal de autoridades e jornalistas. Envolvidos podem responder por crimes como organização criminosa e interceptação clandestina. O procurador-geral Paulo Gonet Branco destacou o uso político da Abin entre 2019-2022.
Fachada do prédio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). | Foto: José Cruz / Agência Brasil.
Em um desdobramento da Operação “Última Milha”, a Polícia Federal prendeu no dia 10 de outubro, o assessor parlamentar Daniel Ribeiro Lemos, suspeito de envolvimento no esquema que ficou conhecido como “Abin paralela”. Daniel Lemos é associado ao deputado federal Pedro Souza Junior (PL-TO) e sua prisão marca a quinta fase desta operação que investiga atividades ilícitas dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Detalhes da Prisão
Segundo as investigações, Daniel Lemos recebia e disseminava conteúdos de desinformação produzidos por uma organização criminosa, utilizando seu acesso ao parlamento federal. Além disso, ele teria enviado material falso a agentes estrangeiros, induzindo-os ao erro. As autoridades cumpriram o mandado de prisão preventiva de Lemos e realizaram duas buscas e apreensões em Brasília.
Em nota à imprensa, o deputado Pedro Souza Junior expressou grande preocupação com a prisão de seu assessor e anunciou sua exoneração imediata. Ele reiterou seu compromisso com a ética e a legalidade, assegurando que não compactua com qualquer irregularidade ou disseminação de fake news.
O Esquema da “Abin Paralela”
A investigação detalha um esquema em que a Abin teria sido usada para espionar ilegalmente autoridades dos Três Poderes e jornalistas. O esquema de espionagem foi supostamente conduzido por um grupo interno da Abin para obter vantagens políticas. Sob a direção de Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin e atual deputado federal pelo PL-RJ, a agência teria monitorado opositores políticos e protegido os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de investigações.
Alvos do Monitoramento
Os documentos judiciais revelam que a Abin monitorou diversas figuras públicas, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal, deputados e senadores. Entre as autoridades monitoradas estão os ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux; além de deputados como Arthur Lira e Rodrigo Maia, senadores como Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues, e jornalistas como Mônica Bergamo e Vera Magalhães.
Reações e Desdobramentos
Em resposta às investigações, o procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, afirmou que entre 2019 e 2022 foi instalada uma estrutura paralela dentro da Abin com viés político, violando o Estado democrático de Direito. Branco destacou que a estrutura foi usada para monitorar autoridades dos Poderes Judiciário e Legislativo, o que configurou uma ameaça ao funcionamento democrático.
A Abin, por sua vez, afirmou em nota oficial que a ferramenta de geolocalização utilizada para o monitoramento foi desativada em 2021 e que uma sindicância investigativa foi instaurada para apurar os fatos. O ex-diretor Alexandre Ramagem negou envolvimento no esquema e destacou que promoveu uma auditoria formal em todos os contratos ao assumir o cargo em 2019.
Envolvimentos e Acusações
Os envolvidos na “Abin paralela” poderão responder por crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio. Daniel Lemos já está prestando depoimento à Polícia Federal para esclarecer os fatos apurados.
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