Como lidar com os desafios emocionais e espirituais em época de eleições?
A síndrome eleitoral reflete paixões e conflitos políticos. A Bíblia ensina a manter a fé, agir com sabedoria e respeitar autoridades. Evite usar a fé para fins políticos, engaje-se além das urnas e confie em Deus, preservando a unidade da igreja e promovendo paz e justiça.
O Brasil já testou a impressão de votos nas eleições de 2002 com o equipamento acima. Na época, sob pressão do Senado, o Supremo Tribunal Eleitoral (TSE) implementou um teste em algumas seções eleitorais com urnas que imprimem votos. Foram adquiridas mais de 70 mil impressoras. | Foto: Unisys.
Nota: Este artigo é uma resposta ao questionamento de uma atividade de fórum temático da Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil. Portanto algumas partes do texto existem elementos e conteúdos citados e referenciados na bibliografia no final da página.
A síndrome eleitoral é um fenômeno que ressalta os aspectos emocionais e inconscientes que movem as escolhas, paixões e brigas nos períodos eleitorais. Este termo ajuda a entender a passionalidade e agressividade que surgem durante as eleições, além de abordar as ilusões e desilusões típicas da política. Para lidar de forma sábia com a síndrome eleitoral, é essencial considerar algumas dicas que podem ajudar a preservar a unidade da igreja: ser cauteloso com o uso do nome de Deus para defender posições políticas, engajar-se na política para além das eleições e confiar em Deus, qualquer que seja o resultado das eleições.
A Bíblia nos oferece exemplos poderosos de personagens que enfrentaram desafios políticos e sobreviveram graças à intervenção divina. Daniel quase perdeu sua vida em um contexto político onde homens desejavam sua morte (Daniel 6). Ele foi lançado na cova dos leões, mas Deus o protegeu, mostrando que a confiança em Deus supera qualquer trama política. Ester também enfrentou um ambiente político perigoso, onde sua vida foi poupada pelo rei que estendeu o seu cetro (Ester 4:11). Sua coragem e fé foram fundamentais para salvar seu povo.
Além de Daniel e Ester, outros textos bíblicos podem ser usados para ilustrar a importância de manter a fé e a sabedoria durante períodos eleitorais. Por exemplo, em Efésios 5:15-17, Paulo nos exorta a andar como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Isso nos lembra que, em tempos de turbulência política, devemos buscar compreender a vontade de Deus e agir com prudência. Outra ilustração importante é a escolha do povo entre Jesus e Barrabás — diante da oportunidade de libertar Jesus, que oferecia uma libertação espiritual, o povo optou por Barrabás, um criminoso, na esperança de que ele liderasse uma revolta contra o poder romano (Mateus 27:20-21). Esse episódio ilustra como as escolhas podem ser influenciadas por expectativas humanas e não pela vontade divina.
A Bíblia nos ensina a respeitar as autoridades e a participar da vida pública sem comprometer nossos princípios cristãos. Romanos 13:1-2 nos lembra que “não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas“. Portanto, é essencial que os cristãos respeitem o processo eleitoral e se envolvam na política de maneira ética e responsável.
Dicas para Lidar com a Síndrome Eleitoral
- Seja cauteloso com o uso do nome de Deus para defender posições políticas: A mistura tóxica entre cristianismo e campanha política não é exclusividade brasileira. É importante que cristãos não caiam na conversa dos buscadores de votos que utilizam argumentos religiosos para justificar sua eleição, prometendo proteger os cristãos contra os inimigos da fé. Jesus não é cabo eleitoral de nenhum pastor ou “bispo evangélico”, mas o salvador do mundo.
- Engaje-se na política para além das eleições: A tradição brasileira é de baixíssimo engajamento político. É essencial que os cristãos participem ativamente nas questões comunitárias, como associações de pais e mestres, reuniões de condomínio e assembleias da igreja, cultivando uma cultura de ação coletiva.
- Confie em Deus, qualquer que seja o resultado das eleições: Confiar em Deus não significa que não sejamos responsáveis pelas escolhas políticas feitas por meio do voto. Cristãos devem olhar para a história de joelhos, enxergando mais longe porque estão curvados em oração diante do Rei dos reis. Não devemos ser dominados pela retórica do medo que aumenta seus decibéis em períodos eleitorais.
Preservando a Unidade da Igreja
As dicas acima podem ajudar a preservar a unidade da igreja durante períodos eleitorais. Ao evitar a instrumentalização da fé para fins políticos, engajar-se além das eleições e confiar em Deus, os cristãos podem promover um ambiente de paz e justiça. A igreja deve agir como a tribo de Issacar, conhecedores da época, buscando discernir a realidade e entender o que Israel devia fazer (1 Crônicas 12:32).
A síndrome eleitoral é uma realidade que afeta a todos, inclusive os cristãos. No entanto, ao seguir as orientações bíblicas e as dicas práticas, podemos lidar de forma sábia com as emoções e conflitos que surgem durante as eleições. A verdadeira transformação começa quando abrimos nossos corações para a graça de Deus, e juntos, como comunidade, podemos refletir a luz de Cristo nesse mundo tão necessitado. A síndrome eleitoral pode ser vista como a expressão dos desejos e anseios da sociedade, baseados em pensamentos e sentimentos humanos. Isso muitas vezes resulta em decisões que deixam de lado a vontade e autoridade de Deus.
Bibliografia:
FERREIRA, Valdinei Aparecido. “Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente” in: A Nova República e a Bancada Evangélica. São Paulo, 2025.
FERREIRA, Valdinei Aparecido. “Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente” in: Ideias sobre como tratar política e eleições com a igreja. São Paulo, 2025.
VENTURA, Felipe. Como funciona o voto impresso na urna eletrônica que teremos nas eleições de 2018. Gizmodo/UOL, 19 nov. 2015. Disponível em: https://gizmodo.uol.com.br/voto-impresso-eleicoes-2018. Acessado em: 08 abr. 2025.
BIBLIA. Romanos. Português. In: A Bíblia sagrada: antigo e novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993. Cap. 13, vers.1-2.
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